sábado, 31 de março de 2012

Memória CPF 1 - Benjamim de Moura

Começa hoje a série Memória CPF, um espaço para rememorar a Copa com depoimentos daqueles que deram os primeiros passos para construir uma das competições mais queridas do Universo. Ao longo das próximas semanas, vocês irão de deparar com declarações e desabafos desses antigos craques, cartolas e personalidades da Paulo Francis, que revelarão um torneio repleto de História. Além da camaradagem jornalística e de contos de bravura futebolística, vocês também irão se surpreender com relatos de muita politicagem, golpes, disputas ideológicas e ações escusas que fizeram da Copa Paulo Francis esse torneio igualmente simpático e canalha que todos amamos.
Para abrir o segmento, as honrosas palavras de um dos primeiros articuladores político da CPF, o senhor Benjamim de Moura.

Memória CPF - Benjamim de Moura

Há anos aposentado da CPF, Benjamim sairá do seu retiro paradisíaco para prestigiar a 10ª edição
Pelo que eu lembro, a Copa começou de alguns amistosos. Primeiro o OBC (quinto período na época) jogou contra a PIA (terceiro período). Logo depois, Arthur Gomes organizou a turma da nossa sala para jogar contra o OBC. Foi neste jogou que eu tomei um frango, me aposentei e virei cartola.

A turma de Diogo Argentino (IMP) ficou sabendo dos amistosos e também formou um time. Foi aí que Arthur e Felipe Salgado (OBC) tiveram a ideia de reunir os quatro times para fazer um campeonato. Conversamos com os calouros (Wagner, que viria a ser o maior artilheiro da Copa até hoje, e João) que também conseguiram formar uma equipe.

Time do MSN
Em pé: 
Carlos Regis "Gamarra", Marcelo,
Eduardo Maia, Benjamim e Renato Lima.
Agachados: Dudu Surf, Leonardo e Arthucano.
Bandeira de Serra era xodó da equipe de Benjamim
Antes da polêmica do nome da competição, houve o acerto que, inspirados no OBC e na PIA, todos os times deveriam ser representados por uma sigla de 03 letras (acho que até hoje é assim). Os calouros decidiram se chamar MAA (Movidos a Álcool), o nono período decidiu se chamar IMP (abreviação de imparciais) e a gente, para tirar onda, decidiu que nossa sala seria o MSN (Movimento dos Sem Nome), uma ideia de Arthur para zuar os "esquerdistas" do curso. Além de fazer alusão à enorme quantidade de sem alguma coisa que a galera de esquerda defendia, o nome representava o grande capital.

O nome da CPF foi uma polêmica desencadeada pelo DA da época, tendo à frente Mariana. Quando surgiram as primeiras sugestões, a gente decidiu que o nome da competição seria escolhido pela direção (Arthur, Felipe e eu) e obviamente estávamos propensos a colocar Carlos Lacerda. Quando soube que estávamos organizando uma copa e qual seria o nome dela, Mariana começou a agitar o pessoal pra que o setor de esporte do DA (se é que existia) assumisse a organização e começou a sugerir uma série de nomes de esquerda. A confusão foi grande e, por iniciativa dos jogadores, decidiu-se que o DA não iria interferir em nada.

Charge de Pequeno no embate MSN x MAA
Em uma reunião da direção da Copa com os representantes de cada turma, ficou decidido que cada sala indicaria duas pessoas para escolher o nome da competição. Cada representante de turma poderia indicar um nome ou os dois escolheriam um nome em comum e a ele seriam computados dois votos. A direção, representada por Felipe, Arthur e eu, teria direito a um voto duplo. A gente teria que decidir entre nós um único nome para sugerir. Ou seja, teríamos doze votos: dois de cada turma e um duplo da direção. Sendo que o voto da direção teria de ser acatado por todos os três representantes. Felipe não aceitava o nome Carlos Lacerda e queria João Saldanha.

Não tenho certeza, mas acredito que Rafael sugeriu que defendêssemos então o nome de Paulo Francis, porque além de representar as ideias de direita, ainda chamaria atenção dos jornais, das rádios e TVs pela figura polêmica que PF sempre foi. Felipe aceitou o terceiro nome.

E ai veio a articulação. Vários nomes foram sugeridos pelas turmas. Além de PF e João Saldanha teve gente que sugeriu Copa Zagalo, Copa Super Man. Na contagem geral JS ficou com os dois votos do OBC. Paulo
Além de João Saldanha e Carlos Lacerda,
Um dos possíveis nomes da competição
era Copa Super Man. WTF?
Francis ganhou disparado com os dois votos da nossa turma (acho que Rafael e Renato nos representaram) o voto duplo da direção e o voto de uns dos calouros, que se não me falha a memória foi Wagner. Dizem que o voto em PF lhe rendeu a indicação para a vaga de vice na primeira diretoria da Copa e quando Felipe se formou, ele passou a ser o presidente da CPF. O nome Copa Paulo Francis foi o vencedor com cinco
votos.

Além desta, houve a polêmica de Diogo e Dudu. Os dois haviam atrasado o curso por causa do intercâmbio e foi preciso decidir em que turma jogariam: na turma de origem ou na turma em que estavam. Diogo, do
IMP, tava estudando na nossa turma. Dudu estava no OBC. Ficou decidido que o jogador só poderia representar a turma de origem.

A escolha do nome de Patricia Poeta, que começou como amistoso e depois virou copa, também foi parecida. Com uma diferença, a diretoria não tinha direito a voto. Neste caso, as mulheres indicariam nomes seguindo aquela regra de duas por turma e formariam uma lista tríplice para que a direção escolhesse. Cinthia e Ariane votaram em Patricia Poeta que entrou na lista com dois votos. Eu e Arthur convencemos Felipe a escolher este nome.
Comentários
5 Comentários

5 comentários:

  1. Belíssima iniciativa! Me senti no cac, votando em Paulo Francis contra o Superman e equivalentes. Bom saber dessas informações privilegiadas dos bastidores. E vamos aí fazer mais um ano dessa história.

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  2. Obrigado pela honra, pessoal. Fico feliz pela vida longa da CPF. Só queria fazer uma correção, o primeiro presidente foi Felipe Salgado, que contou com o meu apoio e com a minha articulação política. Eu ocupo a cadeira inaugural do Conselho Deliberativo da CPF (nem sei se vocês tinham conhecimento dele) porque fui o primeiro dirigente a me formar. Na primeira e segunda CPF eu fui diretor de marketing e comunicação, que na prática tinha o papel de um ministro da Casa Civil.

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  3. Quis dizer, o primeiro dirigente a se formar.

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  4. Registro histórico de alta qualidade. Não sabia de algumas partes dessa história, que agora se tatua na minha memória e que um dia contarei a meus filhos, netos e o que mais estiver por cruzar meu caminho.

    Abraços,
    Diogo.

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  5. Benjamim foi um cara fundamental na criação e na manutenção da CPF. Ainda bem que a carreira dele como goleiro só durou uma partida!

    Se dependesse da galera do D.A da época, a Copa ia ser só pretexto para politicagem e acabaria nem mesmo acontecendo (afinal, o D.A ali já fez alguma coisa?).

    Ainda bem que os alunos que nos substituíram mantiveram o espírito da Paulo Francis: gaiato, libertário e insubordinado. Boas lembranças, Benja!

    Eduardo Cesar Maia.

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