sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

De 9 para 9

 Acompanhar a aposentadoria de Ronaldo foi como reviver meu adeus aos gramados. Olhos marejados, peito apertado, voz embargada. Nossas histórias foram cunhadas no mesmo céu e inferno. Polêmicas, baques, confusões, quilos a mais, desconfiança. Voltas por cima, gols, dribles, títulos, redenção.

O Fenômeno está para a Copa do Mundo como eu estou para a Copa Paulo Francis. R9, 15 gols em 3 edições. W9, 64 bolas na rede em 6 temporadas.

Mas os números não dizem tudo. Ronaldo foi campeão em 2002 quando o mundo inteiro duvidava. Herói ferido, passou dois anos se recuperando de rompimento no tendão patelar do joelho direito. E, quando o planeta cravava sua aposentadoria compulsória devido à séria contusão, ele respondeu em campo e foi o craque e artilheiro da seleção com 8 gols. O filho da pátria não fugiu à luta.

Bem sei o que é contar com o descrédito geral. 2008 era meu último ano como atleta da Paulo Francis e, em cinco edições anteriores, jamais havia conquistado o título. Nem uma final sequer. Nas casas de aposta, o MAA era zebra. Cavalo paraguaio. Azarão. Aprendi com o Fenômeno, no entanto, que os grandes jogadores falam com gols. Meu discurso derradeiro e vencedor foi escrito com 18 tentos em 6 jogos, média de 3 gols por partida. MAA campeão, como o Brasil penta.

Convivemos, eu e Ronaldo, com alguns quilos a mais. Assim como o Fenômeno, nunca expus meu problema de hipotireoidismo. Não sou homem de desculpas, ele também. E foi dentro de campo, peso do mundo nos ombros, que vencemos o sobrepeso. A responsabilidade nunca pesou. A camisa nunca pesou. Boleiro de verdade sabe que quem corre é a bola.

Hoje, 3 anos após deixar os gramados, reverencio aquele que sempre me serviu de inspiração. Jogador mais predestinado da história, exemplo no campo e na vida, Ronaldo merece descansar. Mas as páginas que escreveu no futebol devem continuar servindo de lição pra os atletas da Copa Paulo Francis que, assim como eu, sonham em fazer parte da galeria de craques do futebol mundial.

por Wagner Sarmento
Comentários
1 Comentários

1 comentários: