A uma semana do início da Copa Paulo Francis e após o lançamento oficial da campanha W50, publico, logo abaixo, a carta sobre a marca que espero quebrar. Agradeço ao apoio da direção.
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Parece que foi ontem. Eu, menino, debutava nos gramados desta que é a mais importante competição futebolístico-acadêmica do universo: 18 anos e sonhos infinitos. Um reles calouro. Um craque adormecido. Uma estréia frustrante. Derrota de 7 a 0 para o MSN - time que seria campeão naquele 2003. Desconfiança. Dúvida. Incerteza. Palavras desfeitas na rodada seguinte, em duelo contra a PIA. O garoto Wagner calou os críticos com três gols e plantou a semente de uma história singular: nascia ali o maior artilheiro que a Copa Paulo Francis conheceu.
Gol a gol, "o gênio da grande área da grama sintética", segundo Cruyff, fincou seu nome no degrau maior da flâmula esportiva universitária. Em cinco edições do torneio, 46 tentos anotados. Uma marca nunca dantes alcançada e que dificilmente o será. E, mesmo que alguém consiga reproduzir esse feito, Voltaire explica que "o primeiro homem que marcou 46 gols na Paulo Francis foi um gênio e o segundo, um idiota". Drummond completa: "Difícil não é fazer 46 gols como Wagner. Difícil é fazer um gol como Wagner". Polêmico de fazer jus ao jornalista que emprestou seu nome à competição, o atacante recebeu elogios nada tímidos de Faustão no arquivo confidencial. "Porra, meu! Olha essa fera aí! Mais do que nunca, tanto no pessoal quanto no profissional, uma grande figura humana, um exemplo de jogador, uma personalidade única. Ô, loco, meu".
Ao longo desses quase seis anos de Paulo Francis, tive alegrias e tristezas. Mas, decerto, sorri mais que chorei. E o importante é que emoções eu vivi. Todas em conseqüência de um amor incondicional pelas cores que abracei. O MAA é minha bandeira. Na fusão com o VTU, que originou o UAL, a alma permaneceu movida a álcool, intocável à mistura que, embora selada com irmãos etílicos, se mostrou heterogênea. O MAA sobreviveu. Em 2007, combalido por mudanças que julguei maléficas para a CPF, desisti de jogar. Minha palavra só não foi mais forte que a paixão pelo MAA e pelo futebol. Não poderia eu abandonar meus companheiros. Não poderia eu quebrar meu pacto com o gol antes da aposentadoria natural, que só viria no ano seguinte. Voltei aos gramados para o delírio do grande público e o desalento dos goleiros. Fuzilei os calouros e ajudei meu time a conquistar o bronze.
Agora, é chegado o momento mais difícil. Hora de dizer adeus e deixar órfãos os aficcionados por futebol. E, para uma despedida à altura, um recorde me espera para ser quebrado. Pela primeira vez, um jogador vai atingir os 50 gols em Paulo Francis. Faltam apenas quatro para o sonho se vestir de realidade. Os quilinhos a mais prometem ser um empecilho para um craque acostumado a voar na banheira, mas quem sabe não desaprende. Não à toa Wagner é o único que balançou a rede de todas as equipes que jogaram ou jogam a CPF - IMP, MSN, OBC, PIA, VTU, ETC e PDF. A busca pelo gol número 50 é minha maior motivação na última Paulo Francis que disputo. Quero honrar, até o apito final da partida derradeira, a camisa do MAA e os colegas que tanto contribuíram para minha vindoura proeza. Depois, é sair do campo para entrar na história.
Wagner Sarmento
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