terça-feira, 3 de abril de 2012

Memória CPF 3 - Wagner Sarmento

"Ontem, na rodada final, jogamos sério, mas sem estímulo, já que a equipe adversária jogava sem dois jogadores. Atacamos o tempo todo e perdemos muitas chances (vou fazer um "mea culpa", perdi muitos gols). O placar foi justo, 14 x 0. Isso apesar do MAA ter criado algumas chances principalmente com o cara habilidoso das chuteiras vermelhas (ontem, tinha gente chamando o cara de Dorotee, do Mágico de OZ)."
Nono (IMP), 21 de julho de 2003
"Quanto a colocar em dúvida a honestidade da PIA, calma lá, Wagner (suponho que tenha sido você quem escreveu esse post não assinado) [...] Usar desse tipo de argumento, usar de frases como 'ver a PIA - e sobretudo Gatis - reclamando de alguma coisa nesta edição da copa soa como piada (de muito mau gosto)'.É o se fazer valer do mais baixo tipo de argumentação. Você não precisa tentar desmerecer seu oponente para que seus argumentos se sobreponham. Essa é uma estratégia típica de quem não tem argumentos fortes."
Guilherme Gatis (PIA), 11 de agosto de 2007
"Ops, foi mal, Gatis. Esqueci de assinar. Fui eu mesmo."
Wagner, em resposta, 11 de agosto de 2007.
"Wagner não é Pelé. Nem se compara. E não porque Pelé é melhor, mas porque simplesmente não se compara. Wagner é Wagner. [...] E eu me orgulho de ter Wagner Sarmento marcado na história da Copa, e não Pelé, não Romário."
Diogo Madruga (BAU), 13 de abril de 2008
"Eu costumo dizer que não conheci ninguém que merecesse ganhar a Copa mais do que ele. Wagner jogava com amor, ele namorava a taça da CPF quando ainda era um infante na competição, ele a desejava como um noivo deseja a esposa na hora do casamento."
Benjamim de Moura (MSN), 7 de maio de 2010
"A despolitização e a sucessão de gerações fez com que essas discussões se encerrassem e muita gente passou a tratar com vassalagem reis e rainhas sem a altura da majestade."
Luís Henrique Leal, 7 de maio de 2010
"A história é contada pelos vencedores. O choro, deixo contigo. 64 abraços."
7 de maio de 2010, Wagner Sarmento, em resposta.
"Wagner, de fato, não foi um atleta desprezível... Afinal ele foi um dos que aprendeu na Escolinha do Dudu."
Eduardo Maia (MSN), 2 de abril de 2012. 
Um dos mais célebres jogadores da Copa Paulo Francis, o próximo personagem do Memória CPF cultivou idólatras e desafetos; atingiu a incrível marca de 64 gols em cinco edições, sob o protesto de alguns que o acusavam de "banheirista"; mesmo nunca querendo ser cartola, chegou ao mais alto cargo da organização, para sair dramaticamente; uma figura controversa, que divide comentários arrogantes com enorme afeição por tudo o que a Copa representa. Assim como o próprio Paulo Francis no mundo jornalístico, Wagner Sarmento (também atendido pelas alcunhas "W9", "W64", ou Rainha), goleador do MAA, fez história na CPF, tanto pela sua competência quanto pela capacidade de gerar polêmicas.
E a palavra hoje - na série que deu a primeira pulsão de vida ao blog em 2012 - não é de ninguém menos que ele, a Rainha. Que tenha início, a história:

Memória CPF - Wagner Sarmento

Eu sou Pelé. Começar um texto com esta frase implica uma responsabilidade imensa pras linhas que virão a seguir.
Digo que sou o Pelé da Copa Paulo Francis mesmo sem nunca ter jogado num esquadrão como o Santos dos anos 60 e o Brasil de 70. Bem longe disso. O MAA, desde o começo, sempre foi sinônimo de superação. Nos dois primeiros anos, sequer tínhamos um time inteiro. Disputamos sempre com um ou dois jogadores a menos, com a cara, a coragem e a alma. Sabíamos das nossas limitações tanto quanto de nossas qualidades. Varremos os escombros de cada derrota nestes jogos iniciais pra erguer o time vencedor do futuro.
Nestes 6 anos de copa, eu tive meu Coutinho. Na verdade, ele prefere ser chamado de Maradona. Júnior era o cérebro e motor do time, o cara que deve ser responsável por mais de dois terços das jogadas que resultaram em gols meus. O MAA tinha ainda a segurança de Rodrigo no gol, a bravura de Tiago Maciel, a entrega de João Neto, a malemolência de David, o Neymar albino, e a onipresença do meu parceiro JB, que da França nos anos derradeiros de copa emanava torcida e fé.
Das tantas emoções que a Paulo Francis me proporcionou, duas guardo com carinho especial e reconto aqui, neste espaço de saudades e lembranças.

Comemoração do gol 50, sobre o PDF
1) Em 2007, eu, então presidente da copa, decidi renunciar e me afastar dos gramados por discordâncias políticas. O MAA começou o campeonato sem mim. Ganhou uma aqui, perdeu outra acolá e o clamor pelo meu retorno foi crescendo. Nas ruas, crianças pediam pela minha volta. Abaixo-assinados rodavam pelo orkut e em listas de e-mail. Faustão lançou campanha. A pressão era grande. O amor pelo futebol, maior ainda. Voltei. O jogo seria contra o PDF, debutante e sensação da copa. Só se falava em Princesa Sarah, o craque dos cabelos vermelhos que incendiava o torneio. Era o duelo do líder PDF contra o eterno azarão MAA. Mas se tem uma coisa que sempre pautou a copa foi a tal da hierarquia. Naquele 5 de agosto, ela se fez soberana. Se o PDF tinha a Princesa Sarah, o MAA tinha a Rainha W9. Voltei marcando 3 gols e o MAA sapecou 4 a 0 no time verde. Andershow viria a ser meu pupilo e um dos maiores craques da Paulo Francis. Será um prazer jogar ao lado dele este ano. Um ataque majestoso.

Em pé: David, Wagner e Júnior
Agachados: Rodrigo e Tiago
2) O gol 50 foi a apoteose de minha história na copa. Talvez ninguém tenha amado a Paulo Francis como eu amei. A ela devotei meu suor e minha alma. Sorri, joguei, briguei, ganhei fãs e desafetos, fui feliz. 2008 era o ano de minha despedida e o MAA seria o primeiro time a dizer adeus sem ter sido campeão. Quis o destino que o gol com peso de milésimo fosse contra o PDF, decerto nosso adversário mais marcante. Em três jogos contra os verdes, foram três vitórias do MAA. A última delas, épica, histórica. O 7 a 2 não conta o simbolismo da partida. Foi o jogo do gol 50. Pelé e Romário fizeram o milésimo de pênalti, eu fiz o meu com bola rolando, sem script ensaiado. Drible e chute seco, de bico, com raiva. Ajoelhei-me perto do meio-campo e recebi o abraço de meus companheiros, um a um, os guerreiros azuis, artífices do meu recorde. Dei volta olímpica, ganhei faixa de cartolina, fiz discurso, chorei. Voltei a campo, fiz mais dois gols. Na verdade, fiz muito mais que isso. Duvidaram e eu respondi com bola na rede. O MAA foi campeão e eu fui eleito craque e artilheiro com 18 gols.
Fui chamado de ditador quando, por questões humanitárias e sociais, liderei em 2005 a costura diplomática que resultou na criação do UAL (Unidos pelo Álcool), uma fusão entre MAA (Movidos a Álcool) e VTU (Vamos Tomar Uma), classificada por meus detratores como opressiva. Ao fim da copa, despedi-me ironicamente com 64 gols. Isso mesmo, 64. O número, mais emblemático impossível quando se fala em tirania, crava uma só certeza: minha ditadura é o gol.

MEMÓRIA EM VÍDEO

Abaixo, vídeo feito em 2011 sobre Wagner Sarmento. O título também é Memória CPF, inspiração para esta série.




Comentários
5 Comentários

5 comentários:

  1. Wagner era demais! Nunca vi ninguém tão bom pra armar polêmica e atrair atenção quanto ele, kkkkkkkkkkkkk. E conseguia deixar meio mundo de gente puta com ele.

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  2. Há uma história de Wagner pouca conhecida. Quando ele soube que estávamos organizando a CPF, foi até mim e Felipe Salgado, que tinha assumido como primeiro presidente, e disse que queria jogar e ajudar na organização. Antes de sermos interrompidos por aquele calouro que se atrevia a conversar de igual para igual com organizadores da CPF, estávamos falando justamente do nosso desejo de fazer da CPF um torneio duradouro. Naquele momento tivemos a certeza que estávamos diante do sucessor de Felipe e de imediato lhe convidamos para vice, uma forma de prepará-lo para assumir o cargo máximo. Só conversamos com ele a este respeito bem depois. A contragosto, ou fazendo charme, nunca se sabe quais as reais intenções dele, Wagner assumiu e soube ser o presidente da continuidade. Uma contribuição importante para que a Copa chegasse à décima edição. Quanto ao jogador, rainha é rainha e nunca perde a majestade. O melhor troféu que a Copa poderia ter nos dado era sua amizade. E assim foi. Tenho certeza que esta é a opinião de quem trabalhou ou jogou com ele. Agora, quem jogou contra, na política ou no campo, não sobreviveu para contar a história...

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  3. Valeu, Benja, mentor político fora de campo e torcedor incondicional dentro dele. Tamo junto.

    Wagner

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  4. ele é túlio, rs. começar um texto assim é muita audácia.

    brincadeiras à parte, wagner tem o espírito de um atacante:

    "Entre fazer o gol e dar o gol para outro, não vacilava. Fazia eu. Não me arrependo disso. O goleador tem mesmo que ser um tanto egoísta. (...) O futebol para mim era feito de gols, muitos gols. Gols meus."

    Alfredo Di Stéfano

    Wagner concordaria com esta declaração, creio.

    O MAA sempre foi movido por superação - um time que poderia ter sido. seria bom ter continuado com bruno (perdido para alguma engenharia da vida), por exemplo.

    e continuado com JB, guardando a zaga com a elegância de um Paolo Maldini.

    david, joão neto, tiago: determinação, esforço, alma.
    e surpresas aqui e acolá.

    (ver gols de davi sempre foi um alento, aglo da paixão do futebol amador, da garra, da força intuitiva)

    rodrigo psicodélico sempre trouxe alegria lisérgica às balizas, com defesas importantes e surreais.

    e eu, na copa batizado sei lá por quem como júnior macalé, sempre procurei compensar de alguma forma as limitações do MAA, tentando jogar por dois, três, como um Johan Cruyff ou mais, jogando em todas as posições - inclusive no gol. daí, começar o jogo na zaga, ficar por ali, proporcionar alguma segurança na ausência de JB, criar no meio-campo, marcar alguns tentos (que nem sei quantos foram, mas foram algumas dezenas, relevantes, bonitos, rs.) e criar as oportunidades, assistências.

    e wagner sempre esteve por ali, pisando a grama da pequena área, e marcando seus gols, de bico e tudo. mas de longe também, fora da pequena área.

    não fui exatamente um coutinho, por não poder ter tido o luxo de uma zaga titular ao longo dos anos - me livrando pra ir jogar no ataque despreocupadamente.

    maradona tampouco. gostaria de ter o pé esquerdo com as habilidades do dele. não é o caso. talvez mezzo claudio caniggia, mezzo riquelme - e ainda um pouco de oscar ruggeri e sergio goycochea.

    apesar dos pesares, o MAA conseguiu um título. lavamos a alma. a promessa vertida em azarão pelos desfalques e problemas ao longo do tempo mostrou força.

    na campanha do título, estive todo tempo ali. ao contrário do que aconteceu em outras edições (devo ter jogado metade dos jogos possíves, acho). algo parecido com o que dudu maia relatou sobre dudu surf. mas no caso, minhas ondas fossem outras, como o festival de inverno de garanhuns, entre outras coisas.

    conseguindo com Marty McFly o carrinho, volto pra lá:
    aí faço mais gols, conto eles e ainda continuo tocando a bola pra wagner, talvez um w80 ou w90, a esta altura - e aí um outro título do MAA não seria uma lenda.

    se wagner é pelé, só espero que ele não seja o edson, rs.

    *será muito bom estar em campo este ano, sem faltar nenhum jogo, nas firulas, na criação cerebral, no arremate de longa distância, nos dribles, nos gols e nas assistências. estarão lá pelé, túlio, garrincha, maradona, zico, mauro shampoo e outros mais.

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  5. Do caralho, mago. Tu merece um texto à parte do Memória, pela história e pela manha com as palavras.

    No mais, é por aí mesmo. O retorno nos espera, vamo que vamo, meu camisa 10.

    Wagner

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