sexta-feira, 20 de abril de 2012

Memória CPF 4 - Carlos Figueiredo

Antes - muito antes - de haver o RUN, escrete uma vez campeão e duas vezes vice, outra Laranja Mecânica rondava nos gramados da Paulo Francis, a PIA. Assim como os colegas de cor da turma de 2009, a laranjada antiga chegou a três finais e ganhou uma delas. Hereditariedade pigmentar? Se for, o RUN terá ainda muito chão pela frente para conseguir escrever metade da história que a PIA deixou na Copa Paulo Francis.
Porém, não é só de glórias que vive um time. A PIA levou a maior goleada da história da CPF, um chocolate de 18x0, contra o MSN (lembra a final que o RUN levou de 8x1 do PDF?). Mas isto foi apenas uma pequena mancha no seu histórico honrável. Pioneiros no uso de uniforme e com um aproveitamento extraordinário nas três últimas CPFs que participou, a PIA é a grande homenageada do Memória CPF de hoje.
Entenda toda a trajetória através das palavras de Carlos Figueiredo:

A Laranja Mecânica da PIA vingou Cruyff e cia na CPF


Musa Ângela Prysthon rodeada pela equipe da PIA
Em pé: Victor Freire, Paulo Carvalho, Bruno Andrade, Carlos Figueiredo e Guilherme Gatis
Agachados: Diogo Campos, Leonardo Vasconcelos e Edson Alves Jr.
“A história é contada pelos vencedores”, diz o ditado. Ora, se a frase realmente está correta, faltava um representante da laranja mecânica da Copa Paulo Francis vir até esse honrado espaço e lembrar os feitos do primeiro time a usar uniforme próprio e não os coletes sem identidade fornecidos pelos campos de society que abrigaram certame tão charmoso e importante como a CPF.
Antes de vestir laranja, a PIA jogava de colete, assim como
os outros times. Na imagem, jogadores discutem táticas
A Copa Paulo Francis surgiu da mente de Artucano, o famoso Arthur Gomes do MSN, ou “Vai ler Foucault!” para os que conheciam melhor essa lenda do futebol e do pensamento liberal do CAC. Entretanto, a maravilhosa ideia teve sua semente em uma pelada entre nós da PIA e os saudosos colegas do OBC. Uma série de amistosos entre esses escretes foi a origem do certame. Sem PIA e OBC não existiria Paulo Francis.
Jogávamos um “futebol total”, de total entrega, sempre honrando nosso uniforme e a bela torcida que acompanhava nossos jogos. As torcedoras eram tão fanáticas que chegaram a torcer contra os seus então respectivos que defendiam em outras agremiações. Tudo em nome do amor pelo escrete laranja. Tanto que até hoje pedem para que façamos um jogo de despedida, apenas pelo prazer de ver por uma derradeira vez a magistral laranja mecânica.
O professor Clériston nunca negou seu
apoio à PIA
Um time que chegou a três finais (2005, 2006 e 2007), que sabia ganhar e perder, dotado de um cavalheirismo sem igual, nunca procurando o tapetão para se beneficiar de qualquer maneira. Ganhamos e perdemos na bola. Fomos o único time a contar com um equivalente a Maradona, que conduzia o escrete à vitória, um jogador que gozava de tal confiança dos demais, que sua simples presença fazia o futebol dos companheiros dobrar, triplicar... quintuplicar. Bruno, um maradona às avessas, disciplinado, humilde, gênio, uma mistura de artista e operário.
Ao fim das jornadas futebolísticas, Bruno fazia questão de parabenizar cada companheiro. O prazer de vestir a camisa laranja era maior que qualquer vaidade que esse grande craque pudesse ter. Envergar o manto laranja, estar com seus companheiros era seu combustível. E isso bastava a esse extraordinário craque. Era diferenciado e sabia disso, não precisava de autoafirmação. Mas há outros valores dignos de nota. O que dizer do “paredão” laranja, o inexpugnável e intransponível, Édson Alves Jr? Ou do nosso motor e capitão, Leonardo Vasconcelos, sempre suando sangue pelas vitórias laranjas, sempre com uma palavra de incentivo para os seus companheiros, nunca se abatendo?
DRAMA: Guilherme Gatis, que daria nome ao "Prêmio
Chiliquenta", lamenta derrota de 18x0 contra o MSN
Como esquecer os gols de Guilherme Gatis, que apesar de sempre voltar para ajudar na marcação enquanto o fôlego permitia, deixou várias vezes sua marca inconfundível nas redes adversárias? E os penteados do nosso volante cerebral, Paulo Carvalho, a enciclopédia, uma espécie de Tostão da Paulo Francis, um craque que domina a pelota e as letras? Como não lembrar a raça de Victor Freire, sempre mordendo as canelas adversárias? Ou o zagueiro Carlos, marcador leal, que sempre visava a bola por compaixão aos franzinos adversários?
Outros craques tiveram que abandonar a máquina laranja da PIA, que ao contrário do time liderado por Johan Cruyff nas Copas de 1974 e 1978, levantou a taça mais cobiçada do mundo em 2006. É importante lembrar André Kano, uma espécie de Rivelino de olhos puxados, jogava sempre de cabeça em pé, com maestria.
Shinji Kagawa, do Borussia Dortmund, ou Hidetoshi Nakata, que chegou a ser comparado com Falcão em Roma, não engraxam a chuteira dessa legenda oriental. André teve, por motivos de força maior, que se aposentar da CPF. Diogo Campos também não pode passar sem uma lembrança. Abandonou o jornalismo, mas nunca a Laranja Mecânica. Jogar ao lado desses valores futebolísticos e intelectuais com certeza é parte da minha formação como ser humano, e só tenho a agradecer por essa honra.
Comentários
5 Comentários

5 comentários:

  1. Foi 8x1 a final do RUN contra o PDF em 2009!

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  2. Gol de goleiro (Magal), sim!
    Erro corrigido.

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  3. Maria Carolina Santos25 de abril de 2012 às 19:59

    A gloriosa vitória da PIA em 2006 foi toda registrada em fotos. Este arquivo histórico está disponível no site http://www.flickr.com/photos/turmadapia

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  4. Putz, li o texto agora e revivi grandes momentos. A CPF foi uma das coisas mais legais do curso. A PIA foi (talvez ainda seja) o time com a identidade mais marcante da copa. Agradeço as palavras de Carlos por me comparar a Maradona. Mas a força da PIA era nosso conjunto, o time todo, com o apoio da torcida, que comparecia a todos os jogos.

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