quarta-feira, 25 de abril de 2012

Por que entendo Schweinsteiger

Schweinsteiger, no centro, é abraçado pelos companheiros
Escrevo este texto recém-impactado pelo grande jogo entre Real Madri e Bayern de Munique, que garantiu, nesta quarta-feira, uma vaga na final da Champions League 2012 para o time alemão. Quando vi Schweinsteiger (do Bayern) ajeitar a bola para cobrar o pênalti decisivo fui imediatamente transportado para o dia 5 de junho de 2010.

O Clube Líbano estava em polvorosa. Eu estava atrás da bola e faria a última das cinco cobranças do PDF na decisão do 3º lugar da Copa Paulo Francis daquele ano. A disputa estava empatada em 3x3. Das cinco chances do RYU, eu, goleiro que era, havia defendido duas. Se fizesse o gol, na minha aventura como atacante, minha equipe conquistaria a segunda medalha de bronze na competição, um ano depois de ganhar o primeiro título e em circunstâncias épicas (volto a isso em alguns parágrafos).

Acabo de ver Schweinsteiger comemorando depois de marcar, correndo feito um louco pelo gramado do histórico estádio Santiago Bernabéu, em Madri. Dentes a mostra, felicidade estampada no rosto, ele é abraçado pelos companheiros de time. Do seu pé saiu a bola que levou à loucura milhares de torcedores e mais: deu ao Bayern a chance de ganhar o título de clubes mais desejado da Europa dentro de casa, na Allianz Arena, em Munique.

Entendo Schweinsteiger. Naquele 5 de junho eu fiz o gol. A bola passou com força à esquerda do goleiro Davi e estufou as redes. Gritei o grito dos campeões, mesmo sem sê-lo, naquela ocasião. Sorriso à mostra, fui, tal qual o jogador alemão, abraçado por meus amigos e parceiros do PDF. A parte da nossa torcida que ali estava explodiu de alegria. Os torcedores do RYU, que estavam em maioria absoluta, assim como os do Real Madri nesta quarta, se calaram. Aquela foi uma noite memorável no Recife.



Mas este não é, como pode estar parecendo, um texto auto-contemplativo. O importante nesta história não é o fato de eu ou qualquer pessoa termos conquistado glórias individuais. Quero falar justamente da importância do contexto, do porquê de tanta alegria. Quero, no fim das contas, homenagear a CPF, como carinhosamente chamamos o campeonato de futebol jornalístico em linha reta mais importante dos últimos dez anos na América Latina em todo o mundo.

Schweinsteiger é um atleta de alto nível. Aos 27 anos, está acostumado a jogar em grandes competições, tanto com o Bayern de Munique quanto com a seleção alemã, pela qual já disputou 90 partidas. Cinco vezes campeão alemão e com duas Copas do Mundo no currículo, tem, certamente, noção da importância dos torneios que disputa. E mostra isso em campo. Entrega-se, mostra-se incansável.

Quando entrei em campo pelo PDF pela primeira vez, no dia 17 de abril de 2007, era um estudante de jornalismo recém-chegado ao Recife e um tanto quanto fora de forma (bem menos que agora, é bem verdade). Gostava de futebol, mas não podia dizer, sob pena de perjúrio, que era minimamente bom no esporte bretão. Mas a Paulo Francis tornou-se minha Copa do Mundo. Minha Champions League. Por causa da Copa, eu me tornei um pouco Schweinsteiger.

Apesar - e até mesmo por causa - de toda a gréia que envolvia a Copa, via nos olhos dos jogadores dos outros times - PIA, MAA, VTU, ETC e BAU, vale a pena citar - uma garra contagiante. Ainda que sob o efeito de incontáveis cervejas, alguns cigarros, noites viradas e otras cositas más, os futuros jornalistas entravam em campo sentindo-se Garrinchas, Maradonas, Zicos, Taffareis. Está aí o exemplo da Rainha Wagner Sarmento que não me deixa mentir. Para se ter uma ideia, foi com a singela afirmação "Eu sou Pelé" que ele começou o seu texto no Memória CPF 3. Somente.

A megalomania que nos acometeu ao longo de nove edições tem razão de ser. Somos grandes, sim. Você por acaso já ouviu falar em algum outro torneio universitário que mobilize tanta gente, gere tanta repercussão ao longo de seis semanas (considerando apenas o tempo de duração da copa) e faça com que vários participantes, anos depois da aposentadoria, vibrem com a possibilidade de voltar a jogar?

Voltemos, pois, ao jogo que culminou na cobrança de pênaltis. Aquela era uma partida atípica. O RYU, que nunca havia vencido o PDF em três anos, estava goleando a equipe esmeraldina por 3x0. Já estávamos no segundo tempo. E aí entrou em campo a tal da motivação, tão falada e valorizada no mundo do futebol. O resultado, vocês devem imaginar. Empatamos. E por pouco não viramos. Quando todo um time se une e se motiva por alguma coisa daquela forma o natural é presumir que ela tenha alguma importância, não é?  É porque tem.

Arrisco dizer que, nesta quarta, em Madri, Schweinsteiger pode ter se sentido um pouco Gustavo. E me entendido.
Comentários
8 Comentários

8 comentários:

  1. Apesar das tristes memórias que me acometem ao lê-lo, faz justiça à CPF esse texto tão bonito, meu querido amigo. Apareça o quanto antes nos gramados!

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  2. Talvez o melhor em todo esse texto tenha sido mesmo o vídeo, principalmente aos 8 segundos, quando André tenta se juntar ao grupo e acaba agredindo Luiz. Vale a pena ver. E rever!

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  3. Belo depoimento, Gustavo van der Baahia! CPF > UCL

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  4. O espírito da Paulo Francis se repete a cada memória... Gostei, Gustavo!

    Abraço,
    Eduardo Maia.

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  5. Schwarzenegger mira na trave, é gol. Torado daquele jeito, não tem quem segure o pipoco.

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  6. Uma final do PDF, vou te contar, é uma final.
    Não perderam as duas disputas de terceiro, nem as duas disputas de primeiro.
    Ainda assim, o RUN vai se despedir da CPF com um aproveitamento muito superior.

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  7. Porra, este dia foi magnifico. Mais prazeroso do que qualquer medalha de ouro, de fato. E foi seu dia Gustavo. Você que pediu pra bater o penalti. Você foi foda. Foda.
    Amo a CPF, o PDF, e meu fiel goleiro-companheiro-presidente-conselheiro-puta amigo Gustavo Maia!

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  8. Comparação nada humilde, devo dizer, entre o fabuloso presidente incansável e um maestro (e para, mim, um dos melhores jogadores do mundo) do futebol mundial. E não, isso não é uma crítica. Comparação nada humilde, mas muito feliz, ou seja, 100% cpfiana. Não somos nada humildes, pois somos pura felicidade, não sobrou espaço pra outros sentimentos. Schweins (também conhecido como Davi Costa) reflete bem o espírito da CPF pelo mundo. Tivesse nascido no Brasil, teria passado pela Copa antes de ganhar o mundo, e nos ensinaria mais ainda. Não só o "porco", como toda a Alemanha é uma bela maquete de CPF. Cerveja, muita glória e, agora, superação absoluta. Os alemães jogam futebol divertido no século 21. Aposto que eles vem acompanhando a Paulo Francis ao longo dos anos... ;)

    Abraços,
    Diogo.

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