Entrevista: Xico Sá

Publicamos aqui uma entrevista feita por Davi com Xico Sá - pro seu blog http://estouro.wordpress.com/ - em fevereiro, quando o jornalista ainda não havia sido escolhido o nosso homenageado. A entrevista ficou massa, vale a pena sacar.

Xicote já ganhou o Esso. Deu muitos furos e já passou por dezenas de jornais, como Jornal do Commercio, A Tarde (BA), O Estado de São Paulo e Folha de São Paulo. É escrachado por natureza. Gosta de poesia e hoje se apresenta como o autor de “Modos de macho & modinhas de fêmea”, uma série de crônicas a lá Xico Sá, um sertanejo Recifense com sangue do Cariri.

por davilira@gmail.com (entrevista concedida por e-mail em 08.02.2010)

Jornalistas lêem jornais por completo, folheam, ou se contentam com tweets?

Como um bom gutenberguiano, ainda sou viciado em jornal de papel. Não zapeio os tweets da vida em busca de informação, uso como divulgação dos meus livros e atividades e por pura gréia e diversão com os amigos.

Falta deboche e escracho na nossa imprensa? O que nós (leitores) ganharíamos com isso?

Sinto falta de boas histórias, reportagens com assuntos fora da pauta óbvia do poder e do consumo. E, se possível, escritas na pegada do velho e bom jornalismo literário. Se o tema for algum rei do escracho, melhor ainda.

Zé Simão. O cara te faz rir? Quem te faz rir?

Sim, até editei um livro dele, “José Simão no País da piada pronta”, para a editora do Bispo, aqui de São Paulo. Outros que me tiram do sério: Millôr Fernandes, Laerte, Clériston, Lailson, Angeli, Caco Galhardo, Allan Sieber, Adao…

Como você se concentra pra escrever suas crônicas? O que substituiria o Jonny Walker e as lembranças do Cariri?

Escrevo no paiol do caos mesmo. O difícil, sempre, é um bom tema. Quando não sai, caminho abestalhadamente pelas ruas, sento num bar de esquina e vejo o mundo passar na minha frente. Em pouco tempo, vem o mote. Seja em um sorriso safado de uma boyzinha ou num enxerimento de um desses velhos de boteco.

Nos jornais que você já trabalhou, qual deles mais encheu teu saco?

JC, Estadão, Jornal da Tarde, JB, Folha… Toda redação tem os seus malas – o bar mais próximo tem sempre gente mais inteligente e divertida.

Que texto jornalístico (crônica, reportagem, entrevista) te fez gozar de empolgação imaginária?

O que mais me empolgou nos últimos anos foi “O segredo de Joe Gould”, do craque Joseph Mitchell. Uma aula de como fazer um perfil de um anônimo, um homem de rua, com a categoria de um grande escritor. Recomendo.

Nas redações, em final de expediente e já no happy-hour, o clima é de depravação? A galera toda já se abriu pra você?

Rapaz, redação é sempre menos erótico do que se imagina, agora que muita gente come muita gente, isso é lá verdade. O pior é que os casos, misturados com o trabalho burocrático, logo viram amores deprimentes. Melhor pegar alguém na rua mesmo ou no cabaré mais próximo e barato.

Mais:

www.twitter.com/xicosa
http://www.carapuceiro.zip.net

Visitem também o blog de Davi, www.estouro.wordpress.com. Geneton Moraes Neto e Ricardo Noblat são alguns dos que também deram entrevista pra Davi.