segunda-feira, 29 de março de 2010

Homenagem ao mestre Armando Nogueira (1927-2010)


"E as palavras, eu que vivo delas, onde estão?". A frase que inicia a crônica "México 70", pérola rara da literatura esportiva brasileira, expressa a indescritível conquista do ouro pela seleção canarinha na Copa do Mundo. Neste texto, ela expressa a indescritível carreira do seu autor. Hoje, o Brasil perdeu um grande homem, o telejornalismo perdeu um pai, o futebol perdeu uma lenda. Aos 83 anos, faleceu, em sua residência, o jornalista e escritor Armando Nogueira, que lutava desde 2007 contra um câncer cerebral.

Nascido em Xapuri, no Acre, Nogueira formou-se na Faculdade de Direito, no Rio de Janeiro, mas logo seguiu para o jornalismo. Em 1950, entrou para o Diário Carioca, onde trabalhou na seção de esportes. Logo se notabilizou ao escrever sobre o atentado ao jornalista Carlos Lacerda, do qual foi testemunha ocular (seria a primeira reportagem em primeira pessoa da história do jornalismo brasileiro). Do Diário Carioca, Armando Nogueira passeou por outras publicações, como as revistas Manchete, O Cruzeiro e o Jornal do Brasil. Ingressou no telejornalismo na década de 60, primeiro escrevendo textos para a TV-Rio, e depois, implantando o telejornal na TV Globo. Foi criador do Jornal Nacional e do Globo Repórter (dois dos maiores programas jornalísticos do país).

Mas a sua paixão mesmo era o esporte. De 1954 até 2002, esteve em todas as Copas do Mundo, e entre 1980 e 2004, em todas as Olimpíadas. Brasileiro que era, tinha no futebol o seu esporte preferido, e foi escrevendo sobre ele que construiu sua carreira também como escritor (publicou dez livros). O seu estilo de escrita era considerado ímpar na literatura esportiva, pois gostava de dar um tom poético a cada texto. Teve algumas frases notáveis, sendo talvez a mais famosa sobre seu ídolo Garrincha: "Para Garrincha, a superfície de um lenço era um latifundio."

Toda a comunidade CPF, através deste blog, expressa a gratidão pelos feitos, publicações, comentários e tudo o mais que fez Armando Nogueira pelo jornalismo (esportivo), que hoje é largamente influenciado por esse incrível profissional. Descanse em paz, mestre, e que os "deuses do futebol" recebam a graça de tê-lo por perto.

Fontes: [1] [2] [3]
Comentários
3 Comentários

3 comentários:

  1. Amém.

    Proponho que, antes da primeira partida da CPF 2010, realizemos um minuto de silêncio ao Mestre.

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  2. Breno, a proposta foi prontamente aceita pela Comissão Organizadora da Copa Paulo Francis 2010, representada aqui, por mim, Presidente deste torneio.

    Foi com muito pesar que recebi a notícia que um dos grandes mestres do texto jornalístico de qualidade se foi. Já o conhecia, de ouvir falar, mas foi o atual vice-presidente da CPF, Luiz Felipe Campos que, ao apresentar-me Nogueira, tornou-me mais um na sua vastidão de súditos.

    Armando,
    descanse em paz.

    Sem mais, porque mais não há para falar,
    Gustavo Maia.

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  3. É imenso o pesar pela ida do mestre Armando Nogueira - quem melhor soube interpretar, em letras, toda a beleza e poesia do futebol brasileiro.

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