sábado, 17 de junho de 2017

A hora do adeus de Lolla, autoproclamada a Rainha do Futebol


O meu cabelo já começa prateando, mas a sanfona ainda não desafinou. Hoje se encerra, na Copa Patrícia Poeta de Futebol, aquilo que os especialistas já chamam de Era PCF. Tetracampeonato, cinco anos de futebol, só uma derrota. 
Hoje, além do penta do carrossel peceéfiano, vou em busca de meu gol 1.000, segundo minhas contagens.

Independentemente do resultado, eu só quis dar ao alegria ao meu povo. Essa gente tão sofrida com essa política podre, essa economia em frangalhos, essa esquerda desarticulada e esse futebol careta. Lolla, da linhagem socrática de craques, nunca teve papas na língua e sempre se posicionou politicamente em campo. Eu entrei em campo com o símbolo do MST. Eu comemorei meus gols com o punho cerrado do Black Panther. Eu apoei as jornadas de junho. Eu fui contra o golpe. Eu grito Fora Temer. 

Eu quis trazer de volta a cadência, a ginga, o politicamente incorreto do futebol-arte brasileiro. O cigarro e a cachaça na beira do campo, o sexo na concentração, a provocação descarada, os dribles desnecessários na entrada da área adversária, os penteados, a catimba. Porque não é o resultado que importa, importa jogar com estilo. O futebol tinha ficado muito chato. 

Eu sou de Oxum, com Oxaguiã e Iansã. Lolla é minha Iansã, meu alter-ego favorito. Não mexa com ela não, que é raio, guerra, fúria, 4x4, atropela mesmo. Lolla foi criada para ser tudo aquilo que só se pode ser no futebol, porque a vida do lado de fora da Copa só precisa de mais e mais amor, porque os tempos estão difíceis. Acreditem no Brasil, acreditem na política, acreditem no jornalismo, acreditem nessa gente tão bonita, acreditem no diálogo, acreditem no amor. Sejam o amor e seremos Deus. 

Esclarecimentos históricos

O DPC sempre invejou o PCF. Invejou nossa técnica, nosso dendê, nossa alegria nas pernas. Foi por isso que algumas de suas integrantes, no ano de 2012, estreia peceefiana nas Copas, se apoveitaram de um momento de fragilidade meu na festa final, em que estava alcoolizada, e furtaram meu troféu de craque da CPP. No outro dia, consta no B.O feito na delegacia de Casa Amarela:
 "Às 14:32 hrs, Lolla postou no grupo de jornalismo da UFPE: ' Gente, se alguém achou que era craque da CPP e pegou meu trofeuzinho de craque por engano ontem, devolva, gostaria de guardá-lo <3 nbsp="" p="">

Foi o suficiente para que, descaradamente, algumas integrantes daquele time postassem, para que todos vissem, o famigerado vídeo em que quebravam um patrimônio que era meu e a da história.  A justiça dos homens é falha e fui muito julgada por repudiar tais atitudes. Não havia clima para disputar a copa que se seguiu e o futebol perdeu a arte de Lolla. Foi quando me ocorreu uma experiência transcendental (conto mais detalhes em minha biografia autorizada). Lolla caminhava pelo mercado de Casa Amarela quando foi parada por um sábio, um cego cantador de feira, que me disse: "dê alegria ao povo, são só quatro linhas e uma bola. Custa muito pouco". Eu voltei. Fui perseguida pelas colunas sociais da CPF. Pelos tablóides sensacionalistas. A cada pré-jogo, minha presença era questionada. Na internet, condenaram meu excessos. Meu quadradinho de oito. Meu sono sob uma mesa de sinuca. Mas são só quatro linhas e uma bola. Inspirei música do The Kinks, livro de Nabokov, filme Tom Tykwer. Ganhei mais três títulos.

Hoje, questionam novamente meu futebol e minha história. De fato, as articulações começam a reclamar, os músculos não são os de outrora. Mas a ginga ainda estará lá. Os dribles, a raça, a catimba, o politicamente incorreto. Porque não é o resultado que importa, o que importa é jogar com estilo, 


Marília e Lolla. 


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