segunda-feira, 18 de maio de 2009

Quadro



16h49. Gustavo cobra o lateral diretamente para as mãos do arqueiro Cazuza. Pela lateral direita do campo, seus passos largos, firmes, obstinados são a metáfora do PDF no torneio. Não hesitam. O verde do gramado não esconde sua preferência, e a Gustavo é mais permissivo e amigo, não lhe impõe obstáculos. Pelo contrário, o verde do solo é o tapete vermelho, a extensa plataforma forrada com a camisa dos adversários.

A bola recuperada pelo ETC transborda hostilidade através de cada um de seus gomos. Pinga. Queima. Sabe onde merece estar. À frente de Luis Henrique, Anderson – antes mesmo de tocar a bola – levanta a vista (como para todo gênio, a Anderson o jogo passa em tediosa câmera lenta, em ritmo de chumbo) e não precisa de mais de um toque – um afago, diriam outros – para interromper a trajetória do adversário, de todo um time, de todo o tempo.

Aos pés de Gustavo a bola não é uma estranha. Um dos pés a aconchega, o corpo enverga para o lado esquerdo, como que já anunciando a trajetória a ser descrita. O encontro da bola com a rede é a redenção, a consagração do sujeito comum e sua elevação à condição de Hércules. O semi-deus e sua clava. Gustavo e a bola.

texto por Luiz Felipe Campos
vídeo por Gustavo Maia
câmera André Simões
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