sábado, 12 de abril de 2008

MAA 7 x 2 PDF, um jogo para a história


Pelé alcançou a glória do gol 1.000, em 1969, de pênalti. Romário, ano passado, o fez da mesma forma. A trajetória dos dois craques, no tento que selou a marca histórica, foi idêntica. Bola no círculo de cal. Expectativa. Tensão. A glória em inércia. A um chute da eternidade. Esplendor planejado. Previsível. Simplificado no tiro livre de dentro da área.

Eu queria mais. Eu tinha que fazer diferente. O povo pedia. Os companheiros de equipe ansiavam. Os adversários temiam. A torcida se inquietava. Todos ávidos por ver a história ser assinada pelos pés do maior artilheiro que a Copa Paulo Francis conheceu. O sol, tímido durante a semana, encorajou-se a aparecer para assistir de camarote ao momento mais esperado do ano no esporte bretão.

Eu não poderia decepcionar. Um gol separava o homem do mito. Pelé e Romário tornaram-se lendas através de penalidades. Eu não poderia ser eco. Não aceitaria a imortalidade conquistada em um pênalti.

Silêncio. Introspecção. Concentração. Em poucos segundos, destilei seis anos de amor declarado à Copa Paulo Francis. Uma paixão recíproca. Um romance perto do clímax.

Bola em jogo. Minutos para fazer a alegria de milhões. A realização pessoal. O delírio da massa.

Primeiro tempo. Três gols do MAA. Nenhum meu. Insegurança. Receio. Dúvida. Do lado de fora do campo, emergem gritos. “Todo mundo faz gol hoje, menos Wagner”, zombavam. Era difícil ouvir aquilo. Golpeado pelo som da desconfiança, segui em frente. Combalido. Ferido. Morto jamais. Foi no hino da pátria que encontrei a força pra regozijar a esperança. “Verás que um filho teu não foge à luta”. Dito e feito.

Bola no pé de Wagner. Marcação intransigente. Público impaciente. Mas era chegada a hora. Nem um instante a mais. No entretempo do vacilo adversário, o brilho-mor do craque. Drible de corpo. Chute forte, feroz, violento, indefensável. De bico. De alma. É gol. Não um gol qualquer. O gol. O qüinquagésimo gol. O recorde. O tão sonhado recorde. Agora, realidade.

Não de pênalti, como o Rei e o Baixinho. Escolhi a glória teatralizada pelo acaso. Preferi a eternidade arrogada ao bel-prazer do destino. Sem bola parada. Sem felicidade ensaiada. O gol 50 veio. O choro veio. O nome fica.

O nome é Wagner. O sobrenome, gol. Uma rubrica na história.

O JOGO DO GOL 50
MAA e PDF fizeram o jogo mais esperado da rodada. O time verde estava com o adversário entalado, depois das duas derrotas sofridas ano passado. Antes da partida, apontaram o PDF como favorito. Tolo engano. A blasfêmia teve o devido castigo. Para não deixar qualquer sombra de dúvida, um 7 a 2 eloqüente em favor do MAA. Mais uma vez, a hierarquia foi respeitada. Em terra de rainha, princesa não tem vez. Se doeu, depois Sarah. Mas só quando os movidos a álcool se aposentarem. Antes disso, vida longa à rainha e à freguesia pedefê.

O jogo do meu gol 50 foi inesquecível. Na linha, todos os jogadores do MAA marcaram. O onipresente Júnior começou a festa. O eficiente Tiago deu seqüência. O malemolente David fechou a fatura. No gol, São Rodrigo foi novamente uma muralha. Agradeço a eles por terem feito o sábado 12 de abril de 2008 ainda mais especial. E um abraço distante ao parceiro JB.

Antes de terminar esse epílogo da odisséia W50, queria lembrar a todos que, no futuro, poderão dizer aos seus filhos: “Não vi Pelé, mas vi Wagner”.

(Wagner Sarmento)
Comentários
6 Comentários

6 comentários:

  1. w50


    De chapa, de nuca, de placa, de cabeça, sem querer, durante o aquecimento e agora de barriga Wagner Sarmento chega a marca histórica de cinqüenta gols em Copas Paulo Francis. Um matador. Os invejosos o chamam fominha, não pela forma da silhueta, mas pela pelota sempre procurar seu tornozelo.



    De um simples calouro em 2003 - com méritos e empenho, conclamado presidente desse mesmo campeonato em 2005 e 2006. Foi também em 2005 - contra o único Bi Campeão que a CPF conheceu até hoje (o OBC) que superou outra lenda da Paulo Francis – Dudu Maia - em número de tentos e se tornou o maior artilheiro desta competição.



    Criticado por colegas e adversários, Wagner sempre foi sinônimo de risada e polêmicas.



    Jogador valente e atleta com opiniões fortes, ano passado, quase abandonou a competição discordando das mudanças realizadas. Entretanto, com a hombridade no peito e a CPF no coração retornou aos gramados dessa competição que todos amamos e num jogo memorável contra a PIA - em que poucas vezes o MAA esteve completo – fez-se o retorno da lenda.

    Hoje, 12 de Abril, Wagner é o primeiro atleta da CPF que atinge a marca de 50 gols. Outros virão, talvez não. Mais que uma marca pessoal o W50 representa a alegria, as cervejas e o futebol que a cada ano fazem a Copa Paulo Francis.

    Wagner, a CPF não esquecerá de vc!

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  2. Foram 50 gols ou 50 chutes a gol?

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  3. ei po, fala assim não senão ele chora.

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  4. Parabéns MAA. Todos jogaram muito.

    Queria saber se, na festa, alguém achou um chip da TIM.
    falow

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  5. Agradeço à direção pelas palavras, pelo apoio, pela homenagem.

    50 vezes obrigado. Ou melhor, 52 já.

    Abraço.

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