domingo, 13 de abril de 2008

W50: Nota de retratação e agradecimento

Ao ver Wagner sair de campo após o qüinquagésimo, comentei, numa ingênua brincadeira, "Wagner, faltou agradecer às criancinhas!", e ele, com a fúria de um artilheiro nos olhos, disse "Porra de criancinha!".
A princípio, eu, ainda coberto pela capa da inocência, cheguei a pensar na absurda possibilidade de Wagner não se importar com os nossos pequenos (e, como parte desse grupo, revoltei-me). Mas não. Não era ele que não se importava com as crianças. Éramos nós. Não nós com elas, mas com ele, com o mito, o nosso mito.

No decorrer da semana pré-segunda-rodada, muito se falou a respeito do tão esperado gol de número 50 de Wagner Sarmento. Um marco para a CPF, talvez o momento que mais gerou suspense e tensão na história da Copa. Compararam Wagner a Romário, indiscutivelmente um dos maiores, digo, melhores atacantes do mundo. Assim como a Pelé, sim, a Pelé! "Pelé, mil gols. Romário, mil gols. E agora Wagner e seus cinqüenta." Os dois primeiros, de pênalti, e foi assim que esperamos, de pênalti, para se igualar aos outros mitos. Mas na verdade esse era justamente o grande problema. Não era Wagner que nós estávamos aclamando como estrela, e sim os cinqüenta gols. O "cinqüenta gol" (licença poética).

Wagner não é Pelé. Nem se compara. E não porque Pelé é melhor, mas porque simplesmente não se compara. Wagner é Wagner. Wagner faz o gol com a bola rolando (nada de pênalti), agradece, chora, sai de campo, e volta para fazer mais dois (três?) gols. Não bate pênalti, não agradece a criancinhas, não dá volta olímpica, nem fala de "papai do céu"; nada disso, porque ele não se compara, ele é único, ele é Wagner, o nosso Wagner. E eu me orgulho de ter Wagner Sarmento marcado na história da Copa, e não Pelé, não Romário.

Agora eu entendo. Peço desculpas por ato tão egoísta - ao compará-lo a um sujeito que eu nem sequer vi jogar. Agradeço pelos gols, pelas chances perdidas, pela oportunidade de ver em campo jogar um craque como Wagner.

Não vi Pelé. Vi Wagner. Nada de "mas", pois não é consolo, é melhor. É isso o que resume tudo. E que venham os próximos artilheiros, os próximos craques, mas nunca os próximos Wagners, ou Pelés, ou Romários. Esses são únicos.
Obrigado.

Abraços,
Diogo.
Comentários
6 Comentários

6 comentários:

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  2. Brigado pelas palavras, Diogo.

    É isso mesmo, não falei das criancinhas pra não soar hipócrita ou repetitivo de minha parte.

    Mas estou criando uma fundação para cuidar de crianças carentes do sexo feminino entre 16 e 18 anos.

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  3. Imagino... vai ensiná-las a colocar a bola na rede, é?

    Abraços,
    Diogo.

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  4. Ensinar com quantos paus se faz um artilheiro, hsuehsuhuehsheu.

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  5. Aff, eu ia escrever algo bem mais lúdico, mas o clima aqui tá bem mais pesado. asdjaskljdklasd De qualquer forma, PARABÉNS!!!

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  6. Wagner, se quiser um sócio nessa fundação, tamos aí... ;D

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