Nós, calouros. |
Entrei no curso de jornalismo
despido de sonhos, no já distante ano de 2008. Desmotivado, percebia, antes
mesmo da primeira aula, que não era “a minha”, que não queria, que não iria; a
perspectiva de um novo vestibular, contudo, me deprimia, e decidi experimentar,
o que quer que viesse, antes de sair em definitivo. Muito viria.
Entre aulas de Mario Sette bebidas
no Bigode, bacanais assistidos por cortesia de Bigi e seis horas lisérgicas
semanais de espanhol com Medina, foi aberto um tópico, na comunidade da sala no
Orkut, de nome “CPF”, escrito pelo notório veterano-aliciador-de-calouros Diogo
Madruga, nos contando sobre uma competição jornaleira que seria realizada pelo
sexto ano e que, segundo o próprio,
“(...) a CPF desse ano inaugura um novo ciclo, uma nova história, em que
(infelizmente) as equipes fundadoras da Copa não estarão mais presentes. Por
isso, temos que fazer deste espetáculo algo como nunca se viu antes, para
reafirmar como sempre a grandeza de um jornalista quando entra em campo sem o
microfone, gravador, celular ou a câmera.”
Ou
“Mas também sempre preparadas para entrar em campo na vertente feminina
da Copa, antes que nos chamem de porcos chauvinistas. A Copa Patrícia Poeta
concede sempre UM JOGO INTEIRO às garotas, para que mostrem suas pern- digo,
habilidades futebolísticas.”
A mensagem na íntegra |
Organizamos-nos, escolhemos as três letras que, juntas, melhor nos representariam, vestimos cinza e fomos, ingênuos e carecas, ao Bom de Bola, no Parnamirim, às duas da tarde, participar do jogo de abertura (um amargo 0x3 contra o MAA). Não tínhamos ideia de que, a cada sábado, nesse mês e meio de 2008, éramos um pouco mais turma, um pouco menos calouros, nos tornávamos menos sozinhos e, por fim, na festa de encerramento, festejamos entre amigos, para nunca mais deixar de ser.
Calouros, atenção: não há turma antes
da Paulo Francis. Nem tentem. Com o riso amarelo das derrotas mal jogadas, a
histeria das meninas (jogando ou torcendo) pelas vitórias (virão um dia,
calminha), o álcool que vocês aprenderão a entornar aos litros nas festas e a
ressaca do dia seguinte estampada nas fotos que os farão esquecer qualquer significado
para autoestima, vão se formando os laços, afetivos e profissionais, que
carregarão consigo pelo curso e pela vida. Termino o parágrafo mais meloso da
história do blog com um “vocês verão!”.
É 2012, somos mais velhos, alguns até
formados, eu nem jornalismo mais faço, sou estudante de direito, a vida veio,
nos deu nó e vai-se indo de novo, com tudo o que traz e o que leva. Ficou a
CPF; em sua décima edição, é uma moça grande, de festas megalomaníacas, tem seu
nome na cidade, sai no carnaval, recebe convidados, ganha até seu dinheirinho,
sua irmã caçula deixou de ser “UM JOGO INTEIRO às garotas” pra desfilar também
por seis sábados, cheia de pompa e com toda justiça. De igual, as amizades que
ficaram e a certeza de que vale a pena. Vale a pena passar o primeiro semestre inteiro planejando, vale a pena cada centavo gasto em camisas, acessórios e cerveja barata, vale se passar por ridículo dançando em campanhas publicitárias feitas por nós, para nós mesmos; vale a pena as saudades todas que pelo resto do ano se sentem.
E por isso eu volto, todo ano, idiota
de tão empolgado. Por isso volta Wagner, volta Dio, volta Luiz e volta Gustavo.
Volta quem já tá solto pela vida, volta o RYU inteiro e tudo que mais cabe em
três letras. Volta quem sabe, e quem pergunta por que, nunca veio.
Nós, uns velhos. |
Fica então aqui essa declaração de
amor, um tanto emotiva além da conta, um pouco cheia de paixão demais, mas
assim também é a Copa. Fica aos calouros o recado. Poucas vezes se é tão feliz
no ano como se é nesse mês e meio de paixão demais.
Com amor e saudade,
Daniel Ferrugem
Vice-Presidente da Copa Paulo Francis
Com amor e saudade,
Daniel Ferrugem
Vice-Presidente da Copa Paulo Francis
Texto emotivo na conta certa. Trouxe lágrimas paulofranciscanas aos meus olhos baianos.
ResponderExcluirVolto, sim.
O primeiro de outros tantos regressos.
o q eh a cpf agora se nao um antro de frescura e babaçao? foi-se o tempo da copa de futebol, agora entramos no ballet pelo jeito
ResponderExcluira cpf só funciona a gente achando que ela é mais do que ela é
ResponderExcluirPoxa vida, é impossível não sentir a iminência de ver o escrete cinzento entrar em campo pela última vez na CPF. E, diante dela, é igualmente inevitável não lembrar da primeira.
ResponderExcluirTenho algumas das mais carinhosas e das mais vergonhosas lembranças desses últimos quatro anos de minha vida decorrentes desses sábados de maio. De vibrações por vitórias a desmaios alcoólicos.
Foi na CPF que tive a minha maior quantidade de amnésias por evento em linha reta do mundo. Mas também poderia traçar uma linha imensurável de diversão.
Jamais esquecerei de muito do que vivi durante esse tempo. Tampouco escaparão à memória as dezenas de pessoas incríveis que conheci.
Enfim, a décima edição está só começando e nada do que eu falar aqui chegará aos pés do que já escreveu Daniel, então é melhor poupar o anônimo e o restante de vocês de mais sentimentalismo. Brigada a todos que contribuíram pra esses momentos de indescritível felicidade! Vamos ao super combo finish, RYU!
e os "craques" de maa, etc, bau, pdf e ryu - posso dar nome aos bois se quiseerem - acaba q acham q sao mais do q sao tb
ResponderExcluira copa eh maior que achamos, os craques sao maiores que achamos
ResponderExcluireu me lembro como se fosse ontem, esse post de Dio intitulado pura e simplesmente "CPF" na nossa comunidade do orkut.. eu não tinha ideia do que estava por vir!
ResponderExcluir"o parágrafo mais meloso da história do blog"
ResponderExcluirmenos, ferrugem, menos...
A CPF é muito amor nesse ano, gente. Mas, concordo em parte com esses anônimos filhos da puta mimimi mostra a cara manowwww. Enfim, concordo que tá faltando polêmica.
ResponderExcluirNo mais, Danny Boy, texto digníssimo! Sabes tocar o coração mesmo. Eu mal lembrava ter falado tanta besteira nesse tópico.
Abraços,
Diogo.
A polêmica já tá rolando, Dioboy.
ResponderExcluirSaca os comentários de "um post didático".
Acho que, mesmo havendo muito ressentimento, reacendeu o fogo do blog e da disputa, que eu achei que poderiam ter se perdido.
Tava tudo muito apático, mas aí rolou o quebra pau.
Vamos ver no que dá. Espero que em futebol.
Espero que em mais polêmica.
ResponderExcluirAbraços,
Diogo.