Setecentos e cinquenta e oito dias haviam passado desde o último empate registrado em um jogo da Copa Paulo Francis. Foi um 3 a 3, entre BAU e PDF, em 2008. Um hiato tão grande indicava que a raridade deste evento o transforma em algo especial, memorável. Assim foi ETC 2 x 2 PDF, um jogo em que o inesperado imperou, a raça sobressaiu-se e o resultado pouco importou diante do futebol aguerrido executado em campo. Uma partida em que um goleiro brilhou e impediu um resultado que surpreenderia o maior dos céticos. Vinte e quatro minutos de bolas disputadas a tapas, murros, pontapés e até chutes nos países baixos. Tudo pelo vitória, que não veio para nenhum dos dois times. Um jogo para se recordar por mais 758 dias.
Antes de entrarem em campo, as duas equipes ostentavam os melhores curriículos entres os seis participantes da #CPF2010. O ETC havia jogado 27 vezes, conquistado 12 vitórias, um campeonato, um vice e marcado 85 gols, uma média de 3,14 (π) tentos por partida. Já o PDF tinha 20 participações no torneio, com o mesmo número de vitórias que o adversário, uma medalha de ouro, outra de bronze e 79 gols pró, média de 3,95 gols por partida. Este seria o primeiro jogo da história do torneio entre times que já levaram o troféu para casa, o que, por si só, já era promessa de grandes emoções.
Tudo isso não fosse por um detalhe na escalação do PDF: Eduardo Cazuza estava relacionado entre os titulares. "Como!? Terá sido um milagre da medicina? Um jogador desenganado pelos médicos há três semanas jogando?", perguntavam-se incrédulos os torcedores. Não, senhoras e senhores, ele não havia melhorado da noite pro dia. Era com a bota ortopédica, pesada, incômoda e castradora que ele tentaria ajudar sua equipe, desfalcada de dois jogadores, Chico e Pedro Paulo, que faziam viagens de negócios inadiáveis. "Piada! Jogo fácil! É hoje que eles apanham", pensaram os jogadores do ETC. Além de ter perdido para os calouros daltônicos, time que foi goleado pelo ETC, o PDF entrava em campo ainda mais desacreditado por ter que depender dos pulmões avariados de seus jogadores, que teriam que correr em dobro.
Do outro lado, um ETC, que dividia o posto de melhor ataque com o RUN e conseguia repetir a escalação das duas primeiras rodadas, contava com um especial e muito aguardado reforço. A volta do Gordinho Montenegro, presidente do torneio em 2008 e 2009 (virtualmente), bastante esperada nos últimos meses, era garantia de doses cavalares de virilidade e da truculência no esquadrão vermelho. Depois da derrota do RUN, voltar à liderança era uma questão de tempo para a equipe socialista.
Agora, menos história e mais futebol. Começava a partida e o PDF, surpreendentemente partia pra cima, mas sempre com um jogador guardando a desguarnecida defesa. O que se viu foi um bombardeio de chutes em direção à meta do seguro e, por vezes, milagroso Fifah. Mas a soberania numérica (pelo menos de jogadores que conseguiam se movimentar em campo) se fez valer e, com um pelo chute de Perón, o placar foi inaugurado. Um a zero. Mais ataque dos verdes, mas os experientes jogadores do veterano ETC sabiam como se defender e mantiveram o resultado intacto até o fim do primeiro tempo.
Nesse momento, os integrantes do time do 7° período eram só alma em campo. O corpo já havia se esfacelado há tempos. O resultado dos prognósticos se confirmava, até então. Cazuza, que queria fazer parte do show, se segurava para não arrancar de seu aprisionado pé a bota que o prendia atrás da trave. Segundo tempo. Outro gol, desta vez de Rafael Cientista, que, sozinho no canto esquerdo, recebeu a bola e a redirecionou com precisão cirúrgica por entre as pernas de Gustavo Paredão de Taipa em direção às redes. Eduardo fez menção em se jogar para impedir a trajetória da pelota, mas lembrou-se dos apelos de sua mãe. E como só as mães são felizes, isso bastou.
A partir daí, a porta estava aberta para uma goleada sem precedentes. O PDF, em frangalhos fisicamente, certamente se desestabilizaria e daria a oportunidade para que o ETC ampliasse exponencialmente o placar. Sabe-se lá como, o que sucedeu foi justamente o contrário. Ao perceber que o artilheiro adversário, Luiz Rôssef, estava com o pé descalibrado, Cazuza percebeu que aquela era a hora e, finalmente, por telepatia, contou aos seus companheiros de time o tal segredo de liquidificador. A revelação deu novo ânimo aos verdes, que, mais serenamente impossível, resolveram buscar o resultado. O que parecia impossível, tornou-se a ordem natural das coisas. Os chutes se multiplicavam. Fifah tentava de todas as formas impedir o inevitável. Mas, quando Luiz desferiu um certeiro e potente petardo, foi impossível detê-lo. Dois a um.
As cenas que todos os 79.034 torcedores presentes na Arena Paulo Francis viram em seguida, nem Armando Nogueira, se vivo, conseguiria transformar em palavras. O que fez o ∞ do PDF foi de uma beleza e de uma magnitude impressionantes. Princesa Sarah, Cavalo de Fogo, Pelé Ruivo. Anderson foi todos. Driblou todos. Vibrou por todos. Nas cabines de transmissão só se comentava que aquele gol deveria valer por dois. O empate saíra e o ETC não conseguia acreditar. Restava-lhes tentar se proteger da avalanche de vontade, de garra, de raça que brotava dos pés e do suor do esquadrão esmeraldino. Mas foi outra a estratégia adotada: a ultra-violência tarantinesca. Acabou sendo o bastante para segurar o resultado.
Ao fim do jogo, se de um lado choveram reclamações contra o juiz, do outro guerreiros se inundavam do êxtase por um empate que foi digerido como vitória. As duas equipes têm o mesmo número de pontos, quatro. Graças a goleada no primeiro jogo, por 6 a 2, o ETC se valeu do melhor saldo de gol e está em terceiro, uma posição à frente do PDF. Se o torneio acabasse hoje, a disputa da medalha de bronze certamente estaria bem representada. Mas ainda é cedo para prognósticos. Numa copa como esta então, nem se fala.
Agora, menos história e mais futebol. Começava a partida e o PDF, surpreendentemente partia pra cima, mas sempre com um jogador guardando a desguarnecida defesa. O que se viu foi um bombardeio de chutes em direção à meta do seguro e, por vezes, milagroso Fifah. Mas a soberania numérica (pelo menos de jogadores que conseguiam se movimentar em campo) se fez valer e, com um pelo chute de Perón, o placar foi inaugurado. Um a zero. Mais ataque dos verdes, mas os experientes jogadores do veterano ETC sabiam como se defender e mantiveram o resultado intacto até o fim do primeiro tempo.
Nesse momento, os integrantes do time do 7° período eram só alma em campo. O corpo já havia se esfacelado há tempos. O resultado dos prognósticos se confirmava, até então. Cazuza, que queria fazer parte do show, se segurava para não arrancar de seu aprisionado pé a bota que o prendia atrás da trave. Segundo tempo. Outro gol, desta vez de Rafael Cientista, que, sozinho no canto esquerdo, recebeu a bola e a redirecionou com precisão cirúrgica por entre as pernas de Gustavo Paredão de Taipa em direção às redes. Eduardo fez menção em se jogar para impedir a trajetória da pelota, mas lembrou-se dos apelos de sua mãe. E como só as mães são felizes, isso bastou.
A partir daí, a porta estava aberta para uma goleada sem precedentes. O PDF, em frangalhos fisicamente, certamente se desestabilizaria e daria a oportunidade para que o ETC ampliasse exponencialmente o placar. Sabe-se lá como, o que sucedeu foi justamente o contrário. Ao perceber que o artilheiro adversário, Luiz Rôssef, estava com o pé descalibrado, Cazuza percebeu que aquela era a hora e, finalmente, por telepatia, contou aos seus companheiros de time o tal segredo de liquidificador. A revelação deu novo ânimo aos verdes, que, mais serenamente impossível, resolveram buscar o resultado. O que parecia impossível, tornou-se a ordem natural das coisas. Os chutes se multiplicavam. Fifah tentava de todas as formas impedir o inevitável. Mas, quando Luiz desferiu um certeiro e potente petardo, foi impossível detê-lo. Dois a um.
As cenas que todos os 79.034 torcedores presentes na Arena Paulo Francis viram em seguida, nem Armando Nogueira, se vivo, conseguiria transformar em palavras. O que fez o ∞ do PDF foi de uma beleza e de uma magnitude impressionantes. Princesa Sarah, Cavalo de Fogo, Pelé Ruivo. Anderson foi todos. Driblou todos. Vibrou por todos. Nas cabines de transmissão só se comentava que aquele gol deveria valer por dois. O empate saíra e o ETC não conseguia acreditar. Restava-lhes tentar se proteger da avalanche de vontade, de garra, de raça que brotava dos pés e do suor do esquadrão esmeraldino. Mas foi outra a estratégia adotada: a ultra-violência tarantinesca. Acabou sendo o bastante para segurar o resultado.
Ao fim do jogo, se de um lado choveram reclamações contra o juiz, do outro guerreiros se inundavam do êxtase por um empate que foi digerido como vitória. As duas equipes têm o mesmo número de pontos, quatro. Graças a goleada no primeiro jogo, por 6 a 2, o ETC se valeu do melhor saldo de gol e está em terceiro, uma posição à frente do PDF. Se o torneio acabasse hoje, a disputa da medalha de bronze certamente estaria bem representada. Mas ainda é cedo para prognósticos. Numa copa como esta então, nem se fala.
FOTOS: Afonso Jr. ®
cazuza devia ter ido pra seleção da rodada pelo desempenho obtido em meio a tantas adversidades.
ResponderExcluirPelo ETC digo que realmente foi um jogo memorável. Que mesmo sabendo dos desfalques adversários nunca disse que ia ser fácil e muito menos que íamos ganhar.
ResponderExcluirDestaco mais uma vez a volta do xerife de zaga, Rafael Gordito, que troxe a garra e a determinação argentina, além dos comentários mais hilários dentro e fora de campo.
Ainda sobre a partida, o que tanto nós como o PDF concordamos é que num jogo como esse não se pode deixar o apito com os calouros. Nada contra os novatos, mas vivência nessas horas é importante. Pior, só alguém do BUÁ, quer dizer, do BAU.
Para as duas últimas rodadas esperamos contar com a aguardada estréia de Paulo Valentino.
Parafraseanso Bel Marques: O bicho vai pegar.
Não entendi o "Pior, só alguém do BUÁ, quer dizer, do BAU."
ResponderExcluirhueuhe. Tava falando que como já tinha sido combinadoantes, ETC e BAU não podem apitar jogo um do outro, pelas várias brigas que todos lembramos bem.
ResponderExcluirSua arbitragem, por sinal, foi muito boa.abs
Foi Lucas quem começou tudo!
ResponderExcluirAbraços,
Diogo.