segunda-feira, 17 de maio de 2010

O campeão voltou

Quando do término do último jogo, muita gente veio nos congratular pelo resultado. As condições em que jogamos foram sabidamente adversas – sobretudo pelo fato de não podermos fazer qualquer substituição. O adversário era um conhecido e antigo rival, contra quem nunca fizemos jogos fáceis – e que, até o jogo contra os calouros, era o único time da presente edição da CPF a já nos ter derrotado. À sua disposição, um exército de reservas: milhares deles, de todas as etnias e credos. Todos de qualidade questionável, é verdade, mas ainda assim suficientes pra bater a nossa minguante tropa.

Seguindo o exemplo do BAU, que em 2007 jogou com um de seus atletas com o braço engessado, fomos ainda mais longe. Nem mesmo o pé fraturado de nosso capitão Eduardo Cazuza foi suficiente para tirá-lo de campo. Agarrado a uma das traves como um líder agarra o mastro da bandeira que defende, Cazuza foi protagonista e o símbolo máximo do espetáculo de superação e comprometimento dado pelo PDF. Por isso, refuto aqui que, apesar das já referidas adversidades, tenhamos jogado com um a menos. Seria, no mínimo, um desmerecimento do sacrifício, que não foi pequeno, de nosso companheiro.

Ao jogo: o clássico do último sábado foi, por incrível que pareça, a primeira vez em que se enfrentaram dois campeões da Paulo Francis, segundo informação me passada por Fifah momentos antes do jogo. ETC e PDF estavam completamente desfigurados em relação aos seus escretes campeões em 2007 e 2009, respectivamente – o que não impediu que se jogasse uma partida emocionante, dura, brigada. O PDF, mesmo perdendo por 2 a 0, não abdicou da serenidade de quem já está nessa estrada há alguns anos. Não tivemos pressa nem para cobrar laterais ou tiros de meta. O resultado haveria de vir, sabíamos, como parecia saber a imensa platéia que, àquela altura, sensibilizada com nosso sacrifício plasmado na imagem de Cazuza, já não escondia a predileção por
nosso time. Sentíamos isso em campo.

Veio o primeiro gol. A equipe adversária, digo sem medo de errar, acovardou-se enquanto fuzilávamos a meta de Fifah – não à toa eleito o goleiro da rodada. A cada bola dominada por Anderson, um inevitável calafrio percorria os adversários. Não os culpamos por isso. O Pelé Ruivo chegou, até, a levar uma botinada no local onde guarda sua masculinidade, conforme documentado pelas lentes de Afonso. O que não o impediu de driblar um, dois, três, quatro e o faria em quinhentos adversários, se quinhentos houvesse, antes de empurrar – ou afagar – a bola para dentro das redes.

O apoio final e não menos emocionante da torcida aconteceu por meio de uma uníssona contagem regressiva – para alívio dos adversários. Havíamos vencido, não importa que somando apenas um ponto ao final do jogo. Havíamos vencido, superando nossos pulmões debilitados, nossos tornozelos fraturados. Havíamos vencido com uma certeza, àquela altura irrevogável: a de que o campeão voltou.
Comentários
6 Comentários

6 comentários:

  1. Luiz, seus textos são tão elegantes quanto seus dribles. É um estilo próprio, inalcançável. Estou emocionado.

    Jamais vou esquecer da imagem de Anderson Princesa Sarah vibrando depois daquele segundo gol. Acho que não foi filmado, assim como o gol mais bonito de Pelé.
    Que os ecos do grito de Anderson perdurem até o fim da Copa!
    Raça PDF!

    ResponderExcluir
  2. Bela crônica, faço minhas as palavras dos colegas acima. Parabéns, Lula!

    ResponderExcluir
  3. Só uma correção, Túlio foi mais longe que Cazuza. Ele jogou com o braço engessado NA CHUVA!

    De resto, muito bom, muito bom. Parabéns, queria ter visto o jogo todo...

    Abraços,
    Diogo.

    ResponderExcluir
  4. Luiz me emociona com suas palavras assim como Anderson me emocionou com o seu grito de verdadeira entrega a uma filosofia de vida: PDF.

    (Quem sabe o que significa a sigla vai entender melhor ainda)

    ResponderExcluir